Modelagem

        

MODELAGEM MATEMÁTICA E ETNOMATEMÁTICA: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE ALEGORIAS DE CARNAVAL
           As pessoas buscam resolver suas situações da realidade procurando representar ou fazendo uso de uma representação, de certo modo, modelando ou utilizando um modelo. Pode-se considerar que nenhuma ação é isolada ou desprovida de significado. Toda ação está inserida em um contexto sócio-cultural, sofrendo assim influência deste, da mesma maneira que tal ação exerce influência neste contexto, afirma Biembengut (2000).
            Esse contínuo crescer e modificar expõe o sentido de educação como um processo pelo qual o conhecimento é transmitido de uma a outra geração. “Cabe a educação formal prover o indivíduo de um conhecimento que lhe permita assegurar condições adequadas para si e demais indivíduos da sociedade e ao mesmo tempo valorizando e respeitando as expressões da cultura social que herdou e as que estão no porvir” (BIEMBENGUT, 2000, p.13).   
            D’Ambrosio (2001) explica as várias dimensões da etnomatemática, na maioria interligadas, dividindo-as em dimensão: conceitual, histórica, cognitiva, epistemológica, política e educacional. O autor argumenta que etnomatemática é um programa de pesquisa em história e filosofia da Matemática, com óbvias implicações pedagógicas.
Segundo D’Ambrosio (2001), o grande motivador do programa de pesquisa denominado etnomatemática, foi a procura por “entender o saber/fazer matemático ao longo da história da humanidade, contextualizado em diferentes grupos de interesse, comunidades, povos e nações” (D’AMBROSIO, 2001, p.17). O autor afirma que o Programa Etnomatemática não propõe outra epistemologia, mas sim entender a busca de conhecimento pela humanidade e a influência no comportamento.
            A educação matemática abrange todos os processos formativos que se desenvolvem no cotidiano. A LDB1, Lei 9394/96, em seu Art. 1º se refere a educação de forma ampla:

Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, 1999, p.39).

           A LDB nos traz, ainda, no Art. 3°, que o ensino será ministrado com base em alguns princípios, entre eles, pode-se destacar: “II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber” (BRASIL, 1999, p.39).
           Os Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio (1999) consideram relevante o contexto de exercício da cidadania, indicado pela LDB, ao afirmar que é preciso que a proposta pedagógica assuma o fato trivial de que a cidadania não é privilégio nem dever de uma área específica do currículo, e não deve ficar restrita a um projeto determinado. “Exercício de cidadania é testemunho que se inicia na convivência cotidiana e deve contaminar toda a organização curricular. As práticas sociais e políticas e as práticas culturais e de comunicação são parte integrante do exercício cidadão. (BRASIL, 1999, p.94)
            Os PCNs (1999), no que se referem a aprendizagem de Matemática enfatizam que:

O critério central é o da contextualização e da interdisciplinaridade, ou seja, é o potencial de um tema permitir conexões entre diversos conceitos matemáticos e entre diferentes formas de pensamento matemático, ou, ainda, a relevância cultural do tema, tanto no que diz respeito às suas aplicações dentro ou fora da Matemática, como à sua importância histórica no desenvolvimento da própria ciência (BRASIL, 1999. p. 255).

            O estudo sobre alegorias de carnaval, torna-se relevante ao valorar as atividades das pessoas criadoras de alegorias, sua etnomatemática, e ao mesmo tempo compreender  que as suas ações são similares aos processos de modelagem matemática.


1    Lei de Diretrizes e Bases, Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996.